Uma espiada em The Trials of Apollo : Trecho do livro The Hidden Oracle é liberado!

16:46:00 3 Comments A+ a-

       Como já falei anteriormente em outro post  a capa do primeiro livro da série The Trials of Apollo (As Provações de Apollo) foi revelada, mas essa não foi a única surpresa que os fãs tiveram hoje. Também foi liberado ao publico um trecho do Capítulo 3 do livro, no qual o narrador Apolo (como Lester, um garoto mortal de 16 anos) e sua companheira de viagem Meg, uma semideusa, estão em Manhattan a procura de Percy Jackson, para que ele os ajude a encontrar o Acampamento Meio-Sangue.
       Resolvi então traduzir pra vocês e o resultado é o que vocês veem a seguir. 


Nós viramos a leste na Rua 82.
        No momento em que chegamos a Second Avenue, o bairro começou a parecer familiar – fileiras de apartamentos baixos, lojas de ferragens em condições precárias, lojas de conveniência e restaurantes indianos. Eu sabia que Percy Jackson vivia por aqui em algum lugar, mas as minhas viagens através do céu na carruagem de sol tinha me dado algo como uma orientação Google Earth. Eu não estava acostumado a viajar no nível da rua.
Além disso, nesta forma mortal, minha memória impecável tinha se tornado. . . danificada. Medos e necessidades de mortal nublavam meus pensamentos. Eu queria comer. Eu queria usar o banheiro. Meu corpo doía. Minhas roupas fediam. Senti como se meu cérebro tivesse sido recheado com algodão molhado. Honestamente, como vocês os seres humanos suportam isso?
Depois de mais alguns blocos, uma mistura de granizo e chuva começou a cair. Meg tentou pegar a chuva em sua língua, o que eu pensei ser uma maneira muito ineficiente para obter um copo de água suja. Eu tremia e me concentrava em pensamentos felizes: as Bahamas, as Nove Musas em perfeita harmonia, as várias punições horríveis para dar a Cade e Mikey, quando me tornasse um deus novamente.
Eu ainda me perguntava sobre o chefe deles, e como ele tinha sabido onde eu iria cair na terra. Nenhum mortal poderia ter tido esse conhecimento. Na verdade, quanto mais eu pensava sobre isso, eu não via como até mesmo um deus (com exceção de mim) poderia prever o futuro com tanta precisão. Afinal, eu tinha sido o deus da profecia, mestre do Oráculo de Delfos, distribuidor de espiadinhas no Destino da mais alta qualidade por milênios.
É claro, eu não tinha poucos inimigos. Uma das consequências naturais de ser tão incrível é que eu atraio a inveja de todos os lados. Mas eu só conseguia pensar em um adversário que pudesse ser capaz de prever o futuro. E se ele viesse me procurar no meu estado enfraquecido...
Eu desliguei esse pensamento. Eu já tinha preocupações o bastante. Não tinha porque me assustar tanto com os “e se”.
Nós começamos a procurar ruas laterais, checando nomes nas caixas de correio dos apartamentos. O Upper East Side tinha um número surpreendente de Jacksons. Eu achei isso irritante.
Depois de várias tentativas falhadas, nós viramos uma esquina e lá – estacionado embaixo de um ameno resedá – estava um modelo antigo de um Prius azul. Sua capota trazia as marcas inconfundíveis de cascos de Pégaso (Como eu podia ter certeza? Eu conheço marcas de cascos. Além disso, cavalos normais não galopam por cima de Toyotas. Pégaso costuma galopar.)  
“Aha” eu disse a Meg “Nós estamos chegando perto.”
Metade de um quarteirão para baixo, eu reconheci o edifício: uma casa de tijolo de cinco andares com caixas de ar condicionado enferrujados inclinadas para longe das janelas. "Voilà!" Eu gritei.
Nos degraus da frente, Meg parou como se tivesse batido em uma barreira invisível. Ela olhou de volta para a Segunda Avenida, seus olhos escuros turbulentos.
“O que há de errado?” Eu perguntei.
“Pensei ter visto eles novamente”
“Eles?” Eu segui seu olhar, mas não vi nada fora do normal “Os bandidos do beco?”
“Não. Um par de...” Ela balançou os dedos “Manchas brilhantes. Os vi antes em Park Avenue”
Minha pulsação aumentou de um ritmo andante a um animado allegreto1. “Manchas brilhantes? Por que você não disse nada?”
Ela bateu com os dedos nos óculos “Eu vi um monte de coisa esquisita. Já lhe disse isso. Na maior parte das vezes as coisas não me incomodam, mas...”
“Mas se eles estão nos seguindo” Eu disse “Isso seria ruim”
Eu varri a rua com os olhos novamente. Eu não vi nada de errado, mas eu não duvidei que Meg tinha visto manchas brilhantes. Muitos espíritos poderiam aparecer dessa forma. Meu próprio pai, Zeus, uma vez tomou a forma de uma mancha brilhante para cortejar uma mulher mortal. (Por que a mulher mortal o achou atraente, eu não tenho ideia).
“Nós deveríamos entrar” Eu disse “Percy Jackson vai nos ajudar”
Ainda assim Meg resistiu. Ela não tinha mostrado nenhum medo enquanto atirava lixo em assaltantes em um beco sem saída, mas agora ela parecia estar tendo dúvidas sobre tocar uma campainha. Ocorreu-me que ela poderia ter conhecido semideuses antes. Talvez esses encontros não tivessem dado muito certo.
“Meg” eu disse “Eu entendo que alguns semideuses não são bons. Eu poderia lhe contar histórias sobre todos os que eu tive que matar ou transformar em ervas –”
“Ervas?”
“Porém Percy Jackson sempre foi confiável. Você não tem nada do que ter medo. Além disso, ele gosta de mim. Ensinei a ele tudo que sabe.”
Ela franziu as sobrancelhas “Você ensinou?”
Eu achei a inocência dela encantadora. Havia tantas coisas obvias que ela não sabia. “É claro. Agora, vamos subir.”
Eu apertei a campainha. Alguns minutos depois a voz distorcida de uma mulher respondeu, “Sim?”
“Olá” eu disse “Aqui é Apolo”
Estática.
“O Deus Apolo” eu disse, pensando que talvez eu devesse ser mais especifico “Percy está em casa?”
Mais estática, seguida de duas vozes em uma conversa baixa. A porta da frente apitou. Eu a abri. Pouco antes de entrar, tive um vislumbre de movimento pelo canto do olho. Olhei para além da calçada, mas novamente não vi nada.
Talvez tenha sido um reflexo. Ou um redemoinho de granizo. O talvez tenha sido a mancha brilhante. Meu couro cabeludo formigava com apreensão.
“O que foi?” Perguntou Meg.
“Provavelmente nada” eu forcei um tom alegre. Não queria Meg fugindo quando estávamos tão perto de ficar em segurança. Nós estamos ligados agora. Eu teria que segui-la se ela me ordenasse, e eu não queria viver em um beco com ela para sempre. “Vamos subir. Não podemos deixar nossos anfitriões esperando.”
Depois de tudo que eu tinha feito por Percy Jackson eu esperava seu deleite com minha chegada. Uma recepção chorosa, algumas oferendas queimadas, e um pequeno festival em minha honra não teria sido impróprio.
Ao invés disso o jovem abriu a porta do apartamento e disse “Por quê?”
Como de costume, fiquei impressionado com a semelhança com seu pai, Poseidon. Ele tinha os mesmos olhos verde-mar, o mesmo cabelo escuro desgrenhado e as mesmas belas feições que poderiam mudar de bom humor para raiva tão facilmente.
Contudo, Percy Jackson não usava calções de praia e camisetas de praia, trajes de escolha de seu pai. Ele estava vestindo uma calça jeans esfarrapada e um capuz azul com as palavras Time de Nado AHS costuradas na frente.
  Meg deu um passo pra traz no corredor, escondendo-se atrás de mim.
Eu tentei sorrir “Percy Jackson, derramo minhas bênçãos em você! Eu estou precisando de ajuda.”
Os olhos de Percy voaram para Meg. “Quem é sua amiga?”
“Essa é Meg McCaffrey” eu disse “uma semideusa que deve ser levada ao Acampamento Meio-Sangue. Ela me resgatou de bandidos de rua”.
“Resgatou...” Percy observou meu rosto machucado “Você quer dizer que esse visual de “adolescente machucado” não é apenas um disfarce? Cara, o que aconteceu com você?”
“Eu mencionei os bandidos de rua”
“Mas, você é um deus.”
“Bem, sobre isso... Eu era um deus.”
Percy piscou. “Era?
“Além disso,” eu disse “Eu tenho quase certeza que estamos sendo perseguidos por espíritos malignos.”
Se eu não soube o quanto Percy Jackson me adorava, eu teria jurado que ele estava prestes a dar um soco no meu nariz já quebrado.
Ele suspirou “Talvez vocês dois devessem entrar”


1. Andante e Allegreto são ambos termos musicais, o que faz total sentido, já que Apolo é, dentre outras coisas, Deus da Música

Fonte: USA Today


3 comentários

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Unknown
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28 de fevereiro de 2016 às 19:01 delete

A estreia do livro que é 3 de maio vai ter a versão português?

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Laura Lins
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28 de fevereiro de 2016 às 19:38 delete

O lançamento nos EUA é 3 de maio, mas a Instrínseca, editora responsável pelas séries do Rick Riordan, só divulgou que o lançamento da versão em português seria ainda no primeiro semestre desse ano.

Imagino que eles vão fazer um lançamento simultâneo com os EUA, mas isso não foi confirmado.

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27 de março de 2016 às 13:22 delete

tenho medo que isso aconteça, eu vou ler ele em ingles, de qualquer maneira, se não sair em portugues, mas se sair depois, eu leio os dois

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