Resenha| Mangá| Anomal de Nukuharu
Ficha Técnica:
Ano
1, Nº 1. (2014)
Arte
e história: Nukuharu
Editora: Astral Comics
ISBN :9788582461358
Páginas: 164
Formato: 13,5 x 20,5 cm/ papel offset
Preço
original: 14,90 (aqui por 9,90)
Anomal é um
mangá que contém sete histórias sobre yokais, que são demônios japoneses. É um
mangá indie que mostra a perspectiva única de Nukuharu em relação a algumas das
criaturas que permeiam o folclore japonês, de um modo a apresentar um mix entre
comédia, drama e elementos sobrenaturais.
A arte é bonita, mas não é nada
muito impressionante. A atenção aos personagens é notável, porém, o fundo e as
paisagens ficam um pouco a desejar. Na primeira história um personagem comenta
o quão linda a paisagem é e no próximo quadro há algo vagamente parecido com
uma montanha rabiscada e sem clareza de detalhes.
Gostei muito da tradução.
Embora não tenha lido o original (minhas horas assistindo anime, infelizmente,
não me fizeram aprender japonês por osmose) dá pra perceber a atenção do
tradutor em deixar as informações claras pra quem não entende muito do folclore
japonês, ao mesmo tempo em que ele mantem o nome original das coisas de modo a
também ensinar algo ao leitor. Um exemplo disso é quando ele fala de “Hyaku-me”
e no mesmo quadro, abaixo com um asterisco coloca a tradução “cem-olhos”.
De modo geral, as diferenças
entre o nível das histórias deixa a antologia desigual, o que diminui muito o
prazer da sua leitura. Apenas duas das histórias realmente me cativaram, uma
foi simplesmente ok – nada muito impressionante, nada muito decepcionante –,
outra, embora eu não tenha gostado tanto assim, tem potencial para se tornar um
mangá individual, e as outras duas quase estragaram a minha experiência. Vou
entrar em mais detalhes sobre cada uma delas a seguir:
KAESHI
Rintaro é um jovem pintor cego que
um dia recebe olhos de um Hyaku-me (yokai de cem-olhos) e agora sente-se em
divida com ele. O personagem na capa de Anomal
é o Me-Me-Sama (Sr. Olhos, que como Rintaro se dirige ao yokai), por isso,
quando comecei a ler a história fiquei com receio de que ela seria a melhor do
mangá e que a partir dali seria apenas ladeira abaixo (o que quase foi
verdade).
Essa história é sobre amizade,
descobertas e, principalmente, sobre perceber que para ser feliz você precisa
mudar e que aquilo que você julga ser o mais importante, nem sempre é.
KEIKEN
SOSA
É sobre dois detetives. que
estão tentando solucionar um caso de assassinato possivelmente sobrenatural em
um quarto de hotel e que para isso resolvem reencenar os últimos momentos da
vitima para tentar descobrir a causa de sua morte. Na minha opinião esse é o
mais fraco do mangá. O tom e a qualidade dele destoa em relação com os demais.
KOTODAMA
DE AYAKASHI
Essa é a minha história preferida em todo o
mangá.
Yoshihisa é um rapaz com um dom
especial de usar Kotodama (espirito das palavras), o que significa que,
basicamente, sua palavra é lei. Se ele usar o seu “poder” para dizer alguém
para calar a boca, por exemplo, essa pessoa nunca mais poderia falar, nem mesmo
se ele tentasse manda-la falar, uma vez que uma vez dita a palavra dele não
pode ser desfeita.
“Depois que as palavras são ditas não se pode facilmente voltar atrás”
Há dez anos ele encontrou
Kureha, um yokai devoradora de pessoas e disse a “carne humana não é saborosa”. A partir disso
ele passou a alimentá-la com Kotodama, proferindo palavras para satisfazer a
fome dela e ao longo dos anos os dois foram formando uma amizade que se
transformou em amor.
É uma história bem bonita sobre
amor, amizade, além de ter muito drama e sentimentos de culpa envolvidos. Além
disso, os personagens dela são os mais bem desenvolvidos de todo o mangá embora
a história tenha apenas 17 páginas.
A
BOCA DE JIZO
Conta a história de um
psiquiatra que trabalha atendendo casos de possessão demoníaca e fazendo
exorcismos. Essa é bem interessante, mas por ter sido colocado logo após de
Kotodama de Ayakashi, sinto que isso fez com que eu gostasse menos do que em
circunstâncias normais. De maneira geral, ele acerta todos os pontos que se
propõem e tem um final que nos faz entender melhor o personagem principal, mas
é bem esquecível. Até ter que fazer a resenha nem lembrava de A boca de Jizo.
AYAKASHI-NUSHI
1 e 2
Essa é a maior das histórias,
com parte um e dois. É sobre uma garota que gosta de abraçar yokais e tem a
possibilidade de se tornar Mestre dos espíritos (Ayakashi-nushi), o que lhe
daria poder para controlar os yokais. Para isso, ela precisa passar por provas
de cinco yokais e a história consiste em ela juntamente com Abe Chika, um garoto possuído pelo
demônio Beni, tentando passar nessas provas para poder abraçar cada vez mais
yokais.
Apesar
de levemente sem noção, posso ver como o universo dessas duas histórias poderia
ser expandido para um mangá próprio, mesmo que eu nem tenha gostado tanto assim
dela. A premissa é séria e boba ao mesmo tempo, o que dá um toque diferente das
anteriores que focavam mais em apenas um desses dois aspectos.
Enquanto
a primeira parte é bobinha, a segunda já traz uma pegada mais emocional, o que
me fez gostar mais dela, principalmente por trazer consigo um mistério que
acaba sendo bem triste e esperançoso ao mesmo tempo.
KAGUYA
Essa é a história mais sem noção
do mangá. É sobre um garoto que tem as melhores ideias cientificas quando
alguém lhe bate e uma yokai que está fugindo de seu noivado arranjado para
viver na terra. Ele tem uma pegada mais ligada a ficção cientifica e ficou um
pouco deslocado em relação ao resto das histórias.
Capa
e
Contracapa
Essa é a minha primeira resenha
de mangá aqui no blog, mas com certeza não vai ser a última. Eu tinha parado de
comprar mangá, mas ultimamente estou comprando (e lendo) novamente. Se você
gosta é só ficar atento para as publicações que vem mais por aí!