[RESENHA] Menina Morta-Viva - Elizabeth Scott
“Era uma vez, o meu nome não
era Alice. Era uma vez, eu não sabia como tinha sorte.”
Já fazia um tempão que eu havia lido
esse livro, mas quando mencionei ele na minha TAG da Disney deu vontade de ler
novamente e por ser um livro curto, foi exatamente isso que fiz e dessa vez
resolvi resenhar pra vocês.
“Alice”, ou pelo menos é como ela é conhecida agora, foi sequestrada
quando tinha 10 anos por um homem chamado Ray enquanto ela estava em uma viajem
escolar para o aquário. Aquela menininha morreu, e Alice – a persona que Ray
criou para ela – tomou o seu lugar.
Ele estipulou algumas regras: Não conte a ninguém. Não coma
muito e, mais importante, nunca cresca.
Agora, com quinze anos ela percebe que está muito alta e muito velha para se
encaixar na fantasia de Ray e que a qualquer momento ela pode ser assassinada
por ele, assim como a menina que vivia em cativeiro antes dela.
A história é contada por Alice com um distanciamento que
parece tornar ainda mais chocantes as coisas que ela diz. Ela tornou-se uma
pessoa fria e calculista, apenas uma sombra, uma casca da menina doce e alegre
que ela um dia foi.
TRÊS LIÇÕES DE VIDA:
1. Ninguém vai vê-la.
2. Ninguém vai dizer nada.
3. Ninguém vai te salvar.
Eu sei o que as histórias de Era Uma Vez dizem, mas
elas mentem.
Isso é o que as histórias são, você sabe. Mentiras.
O tempo todo ela se refere a sua infância como se estivesse
falando de outra pessoa, além de sempre colocar a culpa nela por não ter sido
esperta o suficiente, por não ter gritado por ajuda.
Mesmo com liberdade o bastante para sair de casa com
permissão enquanto Ray trabalha, ela nunca foge porque embora ele não a prenda fisicamente
ele tem amarras psicológicas. Ele a convence que não tem pra quê lutar, que
ninguém vai acreditar nela ou que ele irá matar os pais dela se ela for até a
antiga casa ou a policia.
Vou logo avisando que essa não é uma leitura leve. As
descrições da tortura psicológica que ela sofre podem lhe abater muito se você
for uma pessoa sensível, então é melhor não ler.
“Eu
não sei o que é normal, mas acho que o Jake não é. Ele estava me observando,
com olhos arregalados, distantes, mas presentes ao mesmo tempo. Tão ansioso
para que digam que ele é bom, especial, que é...
Ele me lembrava de mim.
Garoto morto vivo, todo quebrado por dentro”
O livro é bem pequeno e grande parte dos capítulos não tem
mais do que uma página, alguns apenas com duas ou três linhas. O estilo de
escrita lhe suga pra dentro da história e o final vai fazer você ficar pensando
na história por um bom tempo.